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O papel da televisão e da divulgação científica...

Essa vida de jornalista, as vezes, é estranha. Eu particularmente, olho a cidade sempre pelos olhos de alguém que precisa de notícia, alguém que precisa enxergar aquilo que caiu na mesmice para alguns, mas que para a maioria das pessoas é novidade. De fato, esse deve ser o olhar da maioria dos colegas de profissão, segundo recomenda os manuais de redação e as lições dos quatro anos de curso.

Procuro algo que vá fazer diferença na vida de alguém, procuro informação verdadeira, de qualidade.

Esse mesmo olhar atento, se depara com a dificuldade de ver conteúdos assim com mais frequência nos programas de televisão.

Não porque os jornalistas não estejam interessados nisso, na maioria das vezes até estão, mas pelos aspectos finaceiros e linha editorial dos veículos, muitas vezes assistimos nossas ideias tomarem um banho de água gelada. É triste admitir, mas o sensacionalismo continua sendo a bola da vez.

Tudo que eu queria, era poder assistir mais boas notícias na telinha, ver a ciência chegar até onde precisa chegar e de preferência nos horários nobres ou que pelo menos a maioria das pessoas estejam acordadas.

Defendo que a Ciência é a porta de entrada para a evolução de qualquer sociedade e sua divulgação é um dos grandes passos para educar nesse país. Não falo somente como uma jornalista viciada em notícias de ciência, falo como uma cidadã que precisa do conhecimento científico para evoluir. Sou daquelas que ainda acredita que mais importante do que se investir em ciência, é fazer que ela chegue ao conhecimento da população. E a televisão pode ser uma das grandes aliadas nesse papel de democratização do conhecimento científico.

Os canais abertos, em especial, podem colaborar nesse sentido e deveriam fazer assim. Conheço muita gente, distante de internet e de boas escolas que se informam e se educam pela televisão. É difícil imaginar a dimensão desse papel em meio a uma realidade assim. Nos grandes centros urbanos, esse conhecimento é mais acessível com o advento da internet e a diversidade de veículos de comunicação. Mas são nos locais distantes e menos evoluídos, que a televisão exerce papel fundamental nesse contexto educativo.

Para saber disso, basta pegar à estrada rumo ao interior. Toda casinha, por mais simples que seja, tem uma antena parabólica e uma televisão. No Ceará é assim. Para essas pessoas a televisão é fundamental no processo de educação das crianças e referência para os adultos.

Por isso, insisto tanto que a ciência pode ser mais divulgada na televisão. Está na hora dos formadores de opinião televisivos largarem mão de conceitos primitivos que dificultam esse trabalho e tentar mostrar a ciência de forma honesta e útil à população.

O jornalismo precisa disso para evoluir e a sociedade também.

Investir na divulgação científica em meios massivos é fundamental para a formação de cidadãos conscientes e engajados com o compromisso da evolução de suas vidas e da coletividade.